Momento Poético - 25
(arte de Tatyana Moskovtsev)
Hoje, dia de S. Valentim, decidi relembrar e resgatar da poeira dos tempos um poema que na fogosidade da minha juventude, aos vinte e um anos, dediquei à então minha namorada, hoje esposa e companheira de quase 42 anos. Foi também publicado a 06/04/1974 (tempo da velha senhora) no já extinto "Jornal das Aves" (pertença da também já desaparecida Fábrica de Poldrães, da Vila das Aves).
Nessa altura foi publicado, como alguns outros (proto)-poemas, com o pseudónimo "Danilo Carsay".Parece ter sido ontem, mas a voragem do tempo não contempla imobilismo nem imutabilidade. A cadência vital ressurge, num ápice, mas esfuma-se numa pseudo-lentidão, que nos deixa cada vez mais envoltos na fragilidade da nossa efémera existência. Cada amanhã parece-nos um passado iminente e quase longínquo. Eis pois a minha relembrança e nova dedicatória à sempre jovem companheira deste tempo e do outro.
(arte de Tatyana Moskovtsev)
AMO-TE ASSIM
Amo-te, assim,
em laivos de fome,
mulher sem fim,
seiva do meu nome.
Amo-te, em força,
anjo de candura.
Sou gamo...és corça...
Somos a ternura.
Amo-te, alor
dos beijos perdidos,
viçosa flor,
néctar dos sentidos.
Amo-te, aurora
das minhas manhãs,
sumo de amora,
rubor de maçãs.
Amo-te, auréola
de sonhos felizes,
grácil alvéola
nimbando raízes.
Amo-te, amor,
princípio e fim...
Sangue e calor
por dentro de mim.
(batista_oliveira - 1973)